Em 31 de março é comemorado o Dia Internacional da Visibilidade Trans, data criada em 2009 pela ativista estadunidense Rachel Crandall. No Brasil, temos um dia nacional para isso: 29 de janeiro, que marca a estreia da campanha federal “Travesti e Respeito” em 2004.
“Mesmo se sobrepondo à data nacional, é importante lembrarmos do dia 31 de março como forma de construir uma solidariedade internacional sobre o tema das transgeneridades, em suas múltiplas identidades e expressões de gênero”, diz Antonia Moreira, mulher trans, escritora e ativista.
No Brasil, rotineiramente se afirma que o país é o que mais mata a população trans, o que é verdade. Segundo dados da Transgender Europe, que agrega informações de diferentes países, o Brasil possui o maior número de assassinatos brutais de pessoas trans do mundo, à frente de México e Estados Unidos, também muito violentos.
De quase três quartos de todos os assassinatos registrados na América Latina e no Caribe, cerca de um terço (31%) ocorreram no Brasil*
Trezentos e vinte e uma pessoas de gêneros diversos foram assassinadas entre 1 de outubro de 2022 e setembro de 2023. Esse total é muito semelhante aos 327 casos registrados no ano anterior, mostrando que a violência entre pessoas trans permanece em um alto nível. Com 236 casos, a América Latina e o Caribe são o maior número de assassinatos da região.
“Contudo, temos a vantagem de possuir algum dado sobre essa violência contra pessoas trans, especialmente travestis, enquanto a maior parte do mundo nem mesmo dados possuem, como é o caso de inúmeros países do continente Africano”, comenta Antonia.
“Isso quer dizer que, embora sejamos o país mais violento entre os que possuem dados a respeito, uma infinidade de localizações pelo mundo não tem dimensão do problema social da violência contra pessoas fora da norma binária de gênero – seja elas consideradas trans ou não.
Assim, a solidariedade internacional surge como uma maneira de se criarem pontes globais com movimentos trans pelo mundo, respeitando nossas diferenças. Longe de universalizar uma experiência, a visibilidade internacional deve ser sobre romper barreiras geográficas e gerar o entendimento mútuo de que a colonização é um processo violento e apagador de suas identidades. E que estão, em conjunto, nesta para além de fronteiras imaginárias.
“Que no dia internacional da visibilidade trans de 2024 possamos ser visíveis uma para a outra, um para o outro, em nossas particularidades, em qualquer parte do mundo”, completa.
Fonte: *Trans Muder Monitoring 2023
Acompanhe notícias, novidades, concursos, processos seletivos e muito mais. Todas as novidades do Serviço Social você encontra aqui, no SESO Notícias. Siga nossos canais e acompanhe todas as novidades.