A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS consciente do seu papel na construção de um projeto de formação profissional antirracista em um momento crucial onde a frase “I can’t breath” (“Eu não consigo respirar”) trepida o mundo, vem a público reafirmar que “vidas negras importam!” e que é preciso qualificar como genocídio negro a morte sistemática de mulheres negras e homens negros, de todas as faixas etárias, muitas vezes pela violência de Estado, nas suas diversas expressões.
O racismo é elemento estrutural do capitalismo em níveis mundiais e na particularidade da vida brasileira, sua institucionalização reitera práticas eugenistas, higienistas e punitivistas dirigidas à população negra historicamente. Há entre escravidão e capitalismo mundial uma relação orgânica, onde a supressão de um, pressupõe indiscutivelmente a extinção do outro.
O racismo estrutura a vida cotidiana desde o deslocamento forçado de povos africanos para o Brasil, com requintes de crueldade que em muito se assemelham às mortes de George Floyd (2020) e Eric Garden (2014) e à agonia presente no pedido de socorro de ambos: “eu não consigo respirar” no contexto norte-americano. Aqui, acolá e em todos os cantos do mundo, a dominação capitalista tem como elemento estrutural a hierarquização dos povos a partir da superioridade branca. O que varia são as estratégias que garantem esta acumulação de capital, que vão desde a escravização dos povos originários das Américas e de povos africanos, passando pelo financiamento das ditaduras e pela incitação da violência em territórios africanos, oficializadas com a Conferência de Berlim no final do século XIX, o massacre do povo namíbio na mesma época, o holocausto judeu, a segregação racial nos Estados Unidos da América ou o Apartheid na África do Sul.
A violência racial no Brasil e no mundo utiliza a narrativa da superioridade branca em relação aos “outros” e, nesta categoria, negras e negros sofrem as mais diversas violações de direitos humanos, dentre as quais o direito à vida, figura como central. Essa narrativa autoriza a desumanização dos corpos e mentes negras e dos povos originários, portanto, o genocídio nas suas diversas expressões como extermínio das suas culturas, a desvalorização e ou demonização de seus ritos religiosos, a expropriação e destruição ambiental de seus territórios e o assassinato, quer seja na área urbana, quer seja na área rural, bem como das comunidades quilombolas e dos povos originários.
Na intersecção entre raça/etnia, gênero e classe social enquanto produtores da hierarquização entre as pessoas, o ônus do estigma da incapacidade intelectual, da moral rebaixada, da violência nata, das condutas desviantes e da hiper sexualização recai sobre os corpos negros. Os dados estatísticos indicam o modus operandi do extermínio brasileiro: a cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil; cerca de 71% das pessoas assassinadas no Brasil são negras; pessoas negras são 2,5 vezes mais vítimas de armas de fogo do que pessoas brancas; mais de 75% dos mortos pelas polícias brasileiras são negros; entre 2016 e 2017, o número de quilombolas assassinados cresceu 350% e, no Rio de Janeiro, entre 2012 e 2015, 71% dos ataques religiosos registrados foram contra religiões afro-brasileiras.
Confira a nota na íntegra no site da ABEPSS http://www.abepss.org.br/noticias/nota-da-abepss-em-defesa-da-luta-antirracista-378
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